Finalizada mais uma época de pista coberta, é possível conhecermos um pouco como a Academia José Jacob, conseguiu atingir níveis tão altos, em competição, que não é de todo habitual vermos em Portalegre ou no interior de Portugal, onde o atletismo não tem grande expressão desportiva, e a falta de condições é regra geral um fator comum a todo o interior. Em conversa com coordenador o responsável técnico pelo Atletismo da Academia José Jacob, Professor José Jacob, ficamos a conhecer a realidade de um clube com 4 anos e meio, mas que depressa se tornou conhecido em Portugal, fruto dos bons resultados conseguidos um pouco por todo o país.
AJJ: Esta foi sem dúvida a melhor época de pista coberta de sempre. Como foi possível atingir estes resultados?
JJ: Sem dúvida, esta época de pista coberta foi realmente fantástica, a melhor de sempre, mas só foi possível porque foi preparada ao detalhe, com um planeamento atempado e com metas muito bem definidas. Os dois grupos de trabalho que tenho, na generalidade, foram capazes de apreender e assimilar os meus métodos de trabalho de forma, e conseguiram expressar da melhor forma em competição aquilo que planifico para cada um deles.
AJJ: Sem dúvida que o sucesso de uma época começa com um bom planeamento, mas o treino diário faz a diferença na aprendizagem e evolução dos atletas, qual é a base de trabalho?
JJ: Após o planeamento à que por em prática todo o trabalho de retaguarda. E esse trabalho é diário e evolutivo. Nunca podemos esquecer que a Academia José Jacob, é uma escola de formação de atletas, não um simples clube que pratica atletismo, ou que ocupa os jovens nos seus tempos livres. A base de tudo é a formação é assim que vejo as coisas, formação que percorre várias etapas, desde a iniciação até à alta competição. Eu não me sinto um treinador, na simples aceção da palavra, mas sim um formador, e só consigo formar atletas, se os atletas perceberem e confiarem no trabalho que faço com eles, e seguirem as minhas orientações, cumprindo os programas de treino que desenho para cada um deles, e competem nas provas que defino como importantes para cada um deles.
AJJ: Uma perspectiva diferente então para a AJJ e os seus atletas?
JJ: Exato, tem de haver um trabalho com cabeça, tronco e membros, e cada atleta tem de perceber que só trabalhando diariamente de forma séria, pode aprender, evoluir e ser um melhor atleta a cada dia, fazendo o seu percurso pessoal na busca da excelência. Cada treino é uma etapa, e só cumprindo as etapas se pode chegar a uma meta, cada ausência a um treino é uma etapa queimada, perdida, que torna mais difícil e mais demorada a chegada à meta ambicionada, tal como na formação académica, quando se perdem aulas, perde-se matéria e tudo se torna mais dificil, e por vezes mesmo complicado de recuperar. na formação desportiva que faço passa-se exatamente o mesmo.
AJJ: Olhando para os rankings nacionais nesta altura é fácil de perceber que o trabalho realizado na generalidade tem dado bons frutos.
JJ: Sem dúvida quem quiser analisar os nossos rankings nacionais, vai encontrar excelentes resultados, fruto de uma época de pista coberta, extremamente positiva, com bons resultados, que revelam a profundidade do trabalho que vem sendo feito desde a nossa fundação em 26.07.2018. São muitas as vitórias conseguidas, muitos os recordes distritais e da AJJ, que cairam nestes 4 meses de competição em 23 competições realizadas em 9 distritos ( Braga, Lisboa, Leiria, Santarém, Portalegre, Beja, Évora, Castelo Branco, e Aveiro), desde que iniciamos a época competitiva em 19 de novembro em Castelo Branco.
AJJ: Os resultados no geral foram muito bons, mas temos que realçar as medalhas, os títulos nacionais de campeão obtidos.
JJ: Obviamente teremos de destacar as 4 medalhas obtidas em Campeonatos Nacionais, no mês de fevereiro, em Braga e Vagos, no escalão de Sub-18, sendo que duas correspondem a dois títulos de campeão nacional, uma de vice-campeão, e uma de 3º lugar. E ainda as participações que não se traduziram em medalhas, como os campeonatos nacionais de Provas Combinadas Sub-18, e os Campeonatos Nacionais de Sub-20.
Também destaco as chamadas aos trabalhos da seleção nacional pela Federação Portuguesa de Atletismo, de dois atletas que muito nos orgulham como foi o caso de Guilherme Velez sub18, no setor de lançamentos, e de Madalena Barradas sub16, no setor de velocidade e barreiras.
AJJ: A atividade competitiva da AJJ tem sido baseada em distritos que não o de Portalegre, um pouco por todo o país. Tem a ver com o nível de desenvolvimento do atletismo em outros distritos?
JJ: Essencialmente sim, já que eu procuro competição de qualidade, em quantidade no número de clubes e atletas, onde a possibilidade de encontrar atletas já com bom nível técnico é maior, ajudando assim no desenvolvimento dos meus atletas. O distrito de Portalegre oferece uma competição demasiado fraca, pelo menos na minha opinião, com poucos atletas e clubes e um nível de desenvolvimento muito fraco, e consequentemente resultados muito abaixo do que seria desejável. Desta forma procurei levar os meus atletas a realidades bem diferentes que conheço onde a competição existe em quantidade e qualidade, como acontece por exemplo nos distritos de Leiria, Lisboa, Braga, Aveiro, Porto., de forma a que desde muito cedo percebam o que é o verdadeiro atletismo, e sintam que só trabalhando seriamente, dia a dia, poderão explorar o seu potencial máximo para assim evoluírem e atingirem o seu melhor.
AJJ: Muitas vezes menos é mais, como projeta que provas fazer?
JJ: Á que selecionar cuidadosamente as provas onde participar, e não sobrecarregar os atletas com competições, porque e como disse desde o início o foco está na formação, no treino, e não fazer competição apenas por fazer, até porque existe sempre o risco de lesões, e sei perfeitamente que quanto maior é o número de competições e seguidas, maior é o risco de aparecerem lesões, cansaço, dores, situações que não desejo para os meus atletas. Nunca poderei compreender jovens atletas, que faltem a treinos, e depois compitam, ou que queiram competir sem a minha aprovação e orientação, não é esse o foco, nem o meu objetivo. A base de todo o meu trabalho é a formação, o treino regular e sistemático, o processo para o sucesso é este, e não a competição sem rumo, ou o excesso de competição.
AJJ: Segue-se a época de pista ao Ar livre já a partir de abril. Quais as perspectivas para o Ar Livre?
JJ: São as melhores, na linha do que já fizemos em pista coberta, assim tenhamos os meios e as condições que desejamos, e tudo corra como esperamos. Dia 1 e 2 de abril, iniciamos em Beja, a época de Ar Livre com o Torneio Atleta Completo e Campeonato distrital de Provas Combinadas.
AJJ: Saudamos todos os atletas, que tão brilhantemente têm trabalhado, aprendido e evoluindo ao longo dos anos, e que tão longe e tão alto têm elevado o nome do nosso clube.
Muitos Parabéns a todos os atletas e treinador professor José Jacob, que com poucas condições de trabalho, físicas e materiais, tem conseguido levar os seus jovens atletas, até patamares à pouco tempo considerados impensáveis, para o atletismo no distrito de Portalegre.